sábado, 11 de julho de 2009

Jean Cocteau - texto de Jacob Klintowitz (artes)

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Gosto muito dos textos do Jacob Klintowitz(http://www.mube.art.br/ ) .........e conversar com ele também é muito bom ............

esse foi escrito para uma expo que está acontecendo agora no Mube.........OUI,Brasil !!!!!!!!!!!!!!!!




Jean Cocteau:

“A Dama e o Unicornio”


Jacob Klintowitz


Como todas as coisas que tocam a essência do universo, o mistério da criação artística é superior ao entendimento racional. É o que dificulta explicar inteiramente a atividade de Jean Cocteau (Jean Maurice Eugène Clément Cocteau, Maisons-Lafitte, 5 de julho de 1889- Milly-la- Forêt, 11 de outubro de 1963), poeta, cineasta, dramaturgo, romancista, designer, ator, diretor de teatro, desenhista, roteirista, cenógrafo, frasista. Em todas estas atividades ele foi inovador, brilhante, vital. Cocteau gostava de dizer que era, no fundamental, poeta. Mas, em sentido amplo, a poesia não é o substrato da vida artística? É comum dizer que todas as artes aspiram à música, e deveria também ser comum afirmar que a poesia é a base de todos os gêneros, o que seria um bom metro para julgar a qualidade numa época de tantos pseudos.

Nesta exposição estão desenhos de Cocteau feitos para exemplificar a sua visão de como deveria ser o espetáculo “A Dama e o Unicórnio”, de sua autoria. Este conjunto de desenhos é uma preciosidade, alguma coisa a se agregar à vasta documentação do artista e sobre ele. Também fazem parte da mostra cartas manuscritas, fotografias e um caderno de anotações. Trata-se de uma primeira apresentação, ainda modesta, um primeiro levantamento, e este material está a exigir um completo trabalho sobre este momento do artista.

A presença de Cocteau na vida cultural francesa é seminal e a sua participação no modernismo, como um criador e articulador de diversas linguagens, tem sido reconhecida. É de notar, como um dado relevante, que em todas as suas atividades, ele foi um produtor feroz e abundante. A lista de seus amigos, companheiros de trabalho, interlocutores, é um desfile pelo que de melhor o século ofereceu e oferece uma idéia de suas preocupações e alcance intelectual: Jean Marais, Henri Bernstein, Édith Piaf, Raymond Radiguet, Georges Auric, Erik Satie, Jean Genet, Marcel Proust, André Gide, Maurice Barres, Guillaume Apollinaire, Pablo Picasso, Amedeo Modigliani, Sergei Diaghilev.

Muitas vezes, Cocteau é lembrado por suas frases, sentenças de uma admirável síntese, embora esta seja uma maneira parcial de entrar em contato com a sua obra. O que nos lembra uma de suas frases: “Para o poeta a maior tragédia é se o admiram porque não o entendem.”. Entretanto, eu gosto muito de uma que explica melhor o começo deste texto: “...Uma vez que estes mistérios nos ultrapassam, finjamos ser os seus organizadores”. Jorge Luis Borges uma vez referiu-se aos poetas como aqueles que podem prever o passado. Penso que ela casa de maneira perfeita com outra frase de Cocteau, verdadeiro reflexo no espelho, como amaria Borges, “ O poeta lembra-se do futuro”.

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